REFLEXÃO – Resgatando valores
Nazarete Andrade Mariano
Há muitos anos pensou-se a educação como mera transmissão e reprodução de conteúdos prontos e a acabados, a partir dos meados do século XX, novas discussões nortearam essa prática, buscando novas práxis pedagógicas de ensino e aprendizado, sair do ensino que trabalha apenas seu conteúdo de forma isolada, para desenvolver estratégia de ensino que contemple as nuanças do saber de forma plural, levando em conta o contexto do aluno e a interação dos outros profissionais em educação na (re)adequação do saber.
Para seguir essa nova prática, faz-se necessário fomentar o ensino de maneira que subsidie as necessidades que a escola precise, para que o educador interaja sempre com os demais profissionais em educação e não resuma sua práxis em livros didáticos, limitando – se a apresentar apenas os conteúdos sem levar em consideração as necessidades mais urgentes que o educando evidencie.
As marcas provocadas pelas novas descobertas do último século, ocasionaram uma série de transformações que se refletem sobre a educação como um todo, conferindo-lhe outras características, as quais implicaram no repensar das ciências e seus conteúdos.
Neste contexto, a escola chega ao século XXI com interesses renovados, procurando rejuntar ciências e humanidades e romper com a oposição entre natureza e cultura, para não sucumbir na inércia da fragmentação, revelando as práticas sociais dos diferentes grupos que nela produzam, sonham, lutam, vivem e fazem a vida caminhar, buscando entendê-las em diversas escalas: local, nacional e internacional, aproximando-se com o cotidiano dos alunos, pois a vida fora da escola se apresenta atraente, porque é cheia de mistérios, emoções, desejos e fantasias, por essa razão, frente ao mundo contemporâneo, deve textualizar novas leituras de vida, para pensar a sociedade em que está inserida numa totalidade na qual se passam todas as relações cotidianas.
Nessa perspectiva, a educação formal tem compromisso de abrir canais de inclusão dos indivíduos para viabilizar este processo objetivando promover o pleno desenvolvimento dos educandos, preparando-os para o exercício da cidadania, ampliando as responsabilidades que os conduzam a autonomia necessária ao cidadão contemporâneo. Para tanto, a escola precisa assumir sua função, oportunizando o conhecimento que o subsidie e lhe sirva para melhor entendimento da sociedade, melhor convívio e participação em todas as esferas que atua ou venha atuar.
O educador é um profissional cujo papel transcende a matéria que ele trabalha. Além da competência intelectual, de ajudar os alunos a compreender certos assuntos, ele mostra, expressa e trabalha – direta e indiretamente – valores, visões de mundo, sentimentos, modelos de vida. Quanto mais ele aprende a integrar tensões e contradições, melhor mostrará aos alunos como fazê-lo no dia a dia. Quanto mais avança na compreensão do mundo, no equilíbrio emocional, na capacidade de trocar afeto, mais ajuda os alunos a acreditarem em si mesmos, a quererem avançar também, a terem esperança no futuro. ( José Manuel Moran )
O professor que pensa certo deixa transparecer aos educandos que uma das belezas de nossa maneira de estar no mundo e com o mundo, como seres históricos, é a capacidade de, intervindo no mundo, conhecer o mundo, como salienta-nos Paulo Freire, quando nos diz sobre a importância da leitura para a construção do sujeito participante de sua reflexão, da reflexão do mundo e da sua própria história.
Fazendo o recorte da citação de Paulo Freire, percebe-se que a educação do futuro exige um esforço interdisciplinar e transdisciplinar, que se apresentam como um fator de esperança e transformação, não apenas permitindo o acesso ao conhecimento, à participação, mas propiciando condições para que os alunos assumam responsabilidades de seus atos e de suas mudanças que fizerem acontecer.
Segundo o filosofo da linguagem Bakhtin, quanto ao processo de formação do eu, é percebido em 3 categorias: “ O eu para mim, como eu percebo minha própria consciência; o eu para os outros, quando me percebo aos olhos dos outros; e o eu do outro para mim, como percebo o outro.” Com isso , é necessário, aos professores que atuam da educação básica, a consciência de que se pode construir novas relações consigo mesmo, com o outro e com o mundo, a partir de um processo educativo que desenvolva ações que correspondam aos anseios dos alunos, que se encaminham para séries posteriores com o baixo nível de compreensão e representação tornando-os menos cultos, isto é, incapazes de saber o que são e onde estão, substituindo, a meditação por uma inteligência superficial.
Contudo, é urgente teorizar a vida para que o aluno possa compreendê-la e representá-la melhor e, portanto, viver em busca de seus interesses, ciente de que o bem-estar individual perpassa pela coletividade.
Partindo desse entendimento lógico, de que educar não é transferir conhecimentos, o edcuador Paulo Freire exorta-nos:
É exatamente nesse sentido que ensinar não se esgota no “ tratamento” do objeto ou do conteúdo, superficialmente feito, mas alonga à produção das condições em que aprender criticamente é possível. Essas condições implicam ou exigem a presença de educadores e educandos criadores, instigadores inquietos e rigorosamente curiosos, humildes e persistentes.
Segundo essas tendências o educador pode criar novas possibilidades e re-significações, fazendo recortes a partir dos segmentos sociais em que o educando está inserido para que o aprendizado seja eficiente e sem traumas, renovando com isso, o cenário educacional, a partir dos diversos gêneros, na constituição de uma base solidificada para o educando.
Para Piaget “... cada disciplina emprega parâmetros que são variáveis estratégicas para outras disciplinas”, ou seja, que uma disciplina deve interagir com outras, desenvolvendo conhecimento sociocultural na evolução humana.
Para tal, interdisciplinaridade deve fazer parte do contexto escolar de forma ativa e singular, para que a escola possa repensar que cidadão a mesma está formando e para que sociedade esse irá atuar, na contemplação dos princípios e valores humanos, tornando-se elemento “vivo”, que penetra e solidifica a interação humana.
Um comentário:
È um tema muito atual, que precisa ser trabalhado na escola sempre, parabéns pelo texto.
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